terça-feira, 10 de novembro de 2009

Corticoterapia

A grande indicação de corticoterapia

Se o assunto corticóide é capaz de gerar tanta controvérsia,
um ponto fica bem estabelecido: sua indicação
é incontestável como terapêutica substitutiva em
pessoas que deixaram de ter sua produção de cortisol
normal. Mesmo assim, os esquemas de administração
podem ser variáveis, com defensores deste ou
daquele modo de administração. A própria dose fisiológica
de GC por muito tempo foi considerada mais
elevada do que os 6-8 mg/m+/dia de hidrocortisona
aceitos atualmente9.
Em todas as outras indicações, estar-se-á sempre
diante da questão custo x benefício, devendo-se
pesar cuidadosamente o que se pode obter de
efeitos benéficos com o uso de uma droga com
tantos efeitos colaterais.
Quando se decide utilizar GC terapeuticamente,
vários fatores devem ser lembrados, que interferem
nos seus efeitos colaterais:
1) tipo de preparação a ser utilizada;
2) via de administração;
3) dose;
4) esquema de administração (contínuo x dias al
ternados);
5) tempo de uso;
6) idade e sexo do paciente;
7) doença de base para a qual se indica a terapêutica
GC; algumas doenças de base pré-existentes
condicionam determinados efeitos colaterais. Por
exemplo, um paciente com gastrite, se usar GC terá
maior probabilidade de desenvolver úlcera gástrica
do que um paciente que não tenha essa predisposição
básica;
8) a real indicação de uso, ou seja, não existiria outra
droga, com menos efeitos colaterais, que poderia
substituir o GC?
Quando se leva em conta a via de administração,
algumas vias são sabidamente menos propensas a
causar efeitos colaterais que outras: o uso de corticóides
inalatórios, se bem que, na dependência da dose e da
preparação, podem apresentar algum grau de absorção,
provoca muito menos efeitos colaterais do que o
uso por via oral ou parenteral.

Alguns efeitos colaterais da corticoterapia são:
Complicações oftálmicas: aumento da pressão intraocular,
glaucoma, infecções bacterianas e fúngicas,
exacerbação da queratite herpética.
2. Complicações do sistema nervoso central:
“pseudotumor cerebral”, distúrbios do comportamento
e psíquicos (insônia, nervosismo, euforia).
3. Complicacações hematológicas: neutrofilia,
linfopenia, eosinopenia e monocitopenia; púrpuras.
4. Complicações gastrintestinais: úlcera pépticas,
pancreatite, hepatomegalia, aumento do apetite.
5. Complicações músculo–esqueléticas: miopatia,
osteoporose, fraturas, necrose asséptica do osso.
6. Complicações renais: nefrocalcinose, nefrolitíase
e uricosúria.
7. Complicações cardiovasculares: hipertensão
(mais comum), infarto do miocárdio, acidente
vascular cerebral.
8.Alterações no crescimento.
9.Alterações no feto
Dentre os efeitos colaterais acima, assume particular
importância para o pediatra os que afetam o feto,
em situações em que se usa GC para evitar ou minimizar
os efeitos virilizantes da hiperplasia congênita de supra-
renal e a interferência sobre o crescimento, visto
que a faixa etária pediátrica, como que “por definição”,
é caracterizada pelo crescimento estatural.
Esquema de retirada de glicocorticóides
Quando se propõe um esquema de retirada de
GC parte-se do princípio de que o eixo hipotálamohipófise-
adrenal esteja suprimido. Aceita-se que o
uso de GC por até sete dias, em qualquer dose,
permite uma retirada abrupta pois o eixo tem plenas
condições de recuperação. A partir daí, é aconselhável
imaginar-se que o eixo possa estar suprimido
e a retirada deva ser lenta.Pacientes que fazem o uso de corticóides
por longos períodos e retiram o medicamento repentinamente podem até vir a falecer.

Baseado no artigo: Corticoterapia e suas repercussões: a relação custo–benefício.
Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança Prof. Pedro de Alcantara do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil

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